2006 | Manual de instruções

A trilogia “Vida real em 3 capítulos” é composta de três obras autônomas: a performance solo “Estratégia nº 1: entre”, o espetáculo “Manual de Instruções” e a instalação “Eu é um Outro.” Parte do desejo de investigar possíveis conexões e confrontos entre a vida e a cena, entre a construção de identidade e o olhar do Outro. “Vida real em 3 capítulos” se insere no conjunto de questões caras ao trabalho de Dani Lima, como o desenvolvimento de uma poética do corpo cotidiano, o resgate das pequenas memórias esquecidas e o cultivo de estratégias de uma possível “utopia da proximidade”.

Este espetáculo é um passeio pelas identidades de seus criadores-intérpretes a partir do contexto cultural-social ao qual pertencem. Os papéis sociais estão em jogo. O papel enquanto bailarino, enquanto brasileiro, enquanto pertencente a um grupo, seja um tipo de dança, uma nação, uma classe social ou um segmento de gênero. Regras e instruções expressam todo um sistema cultural com um pensamento específico, se expressando de um jeito específico. Nas instruções de cada jogo está inserido todo um sistema de pensamento que compõe um determinado contexto cultural.

criação colaborativa: André Masseno, Dani Lima, Denise Stutz, Michelle Moura, Mônica Burity, Renato Cruz e Vivian Miller
concepção e direção: Dani Lima
assistência de direção: André Masseno, Denise Stutz e Alex Cassal
dramaturgia: Silvia Soter
direção de arte: João Modé
direção musical e música original: Felipe Rocha
trilha sonora: Felipe Rocha e André Masseno
iluminação: Paulo César Medeiros
fotos: Mauro Kury

“Manual de instruções é uma festa para os sentidos. Consegue o feito de aliar consistência, em todos as questões que levanta, a humor, interesse, beleza. Não descuida do prazer por um instante que seja, e cria momentos em que o deleite visual confunde-se com o cômico, como na aula de samba em inglês, o método de vestir e desvestir uma camiseta, e a impagável ‘história da minha bacia’”
Mario Piragibe

“Para quem acompanha a trajetória de Dani Lima não é difícil perceber a recorrência de algumas inquietações em seu trabalho. Em Vida Real em 3 capítulos duas de suas marcas surgem ampliadas. Uma como objeto de pesquisa e a outra como postura de artista diante do mundo. A identidade como construção que se dá a partir do olhar do outro sai da experiência individual de Estratégia nº 1: entre e se torna coletiva em Manual de Instruções, enquanto o desejo de propor perguntas no lugar de afirmações fechadas continua a impor ao espectador um lugar importante neste jogo. Em Vida Real em 3 capítulos, a identidade se dá no plural, no cruzamento das narrativas coletivas e pessoais, nas memórias íntimas, nas histórias herdadas, nas possibilidades de ação quando já se sabe que o terreno a ser ocupado não está vazio.”
Silvia Soter