2009 | Pequeno inventário de lugares-comuns

Resultado de um processo de colaboração entre artistas a partir da proposta de fazer um inventário do cotidiano, dos objetos, gestos e ações ordinárias que normalmente passam desapercebidos na rotina do dia a dia. Pequenas experiências e ações sem relevância do dia a dia seriam imagens materializadas do tempo? Não é curioso pensar que passamos a maior parte das nossas vidas vivendo coisas que consideramos desimportantes e que sequer temos consciência de estar vivendo?

Je m’intéresse à ce que j’ai appelé La petite mémoire, une mémoire affective, un savoir quotidien, le contraire de la grande mémoire préservée dans les livres. Cette petite mémoire, qui forme pour moi notre singularité, est extrêmement fragile, et elle disparaît avec la mort.
Christian Boltansky

criação e interpretação: Dani Lima, Laura Samy, Vivian Miller, Paulo Mantuano, Felipe Rocha
direção: Dani Lima
vídeos: Paola Barreto e Lucas Canavarro
música: Felipe Rocha
luz: Renato Machado
assistência de direção: Alice Ripoll
fotos: Dalton Valério, Dani Lima
pequenoinventriodelugarescomuns.blogspot.com

Diante dos olhos do público, a composição realizada pelos artistas, ainda que breve, promove associações de idéias e produz novos sentidos para os objetos. O nonsense acaba por se transformar em sentido. Ao mesmo tempo, dá o tom do estado necessário para se entregar a essa peça. A projeção da combinação de objetos em pares é um achado. Um pouco à maneira das crianças que transformam pedrinhas em brinquedo, essa cena amplia, de fato, a visão sobre o pequeno e mostra a poesia do simples. (…)Ainda que, em cena, quase nunca se consiga escapar de transformar qualquer coisa em algo extra-ordinário, “Pequeno inventário de lugares-comuns” dá conta de tratar do que pretende com muita poesia e delicadeza. Traz para o centro a vida como John Lennon um dia sugeriu: como aquilo que acontece quando estamos fazendo planos.
Silvia Soter
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À plateia foi proposto encarar o trivial de outro modo e refletir sobre a importância das ações corriqueiras em nossa vida. Passar um café ou cortar as unhas, sob essa perspectiva, é tão especial quanto receber um buquê de flores; é tão vida quanto. O espetáculo é um convite à contemplação de um banal que não é banal e à fruição do prazer estético que a água descendo pelo ralo em redemoinho ou a textura de um grupo de objetos azuis ao lado de um bolo de objetos vermelhos podem oferecer. (…)A peça é coesa, cada escolha revela-se implicada nas demais. Desse modo, não se vê excessos, os elementos presentes dialogam uns com os outros e tornam-se indispensáveis à constituição da obra. O resultado é uma dramaturgia acessível, mas longe de ser óbvia, que investe na complexidade da concisão.
Emanuelle Kalil
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