2001 | Digital brazuca

Brazuca é um apelido pouco carinhoso como o qual os portugueses costumam zombar dos brasileiros e do “jeitinho brasileiro” de fazer as coisas. Digital, segundo o Aurélio, não é só o que é relativo aos dedos (como impressão digital), mas o que é relativo aos dígitos, dando origem ao nome hoje popular com o qual conhecemos todas as modernas tecnologias binárias, não analógicas. Juntar estas duas palavras expressa, mais do que uma possível contradição, a busca de uma identidade e a escolha de um ponto de vista. Somando o desejo de especular sobre a(s) idéia(s) de identidade e respondendo à demanda de um trabalho de dança interagindo com novas tecnologias, Digital Brazuca passeia por identidades servindo-se de alguns aparatos de tecnologia da imagem e do som. O uso destes aparatos está, dentro do universo “tecno-brazuca” deste experimento, a serviço de desvendar o que há de mais vivo, espontâneo e íntimo, e como tudo que é humano, sujeito à falhas (e como muito do que é brasileiro, disponível para improvisar a partir delas).

concepção e direção: Dani Lima
criação coreográfica: Clarice Silva, Dani Lima, Fernanda Prata, Vinicius Salles, Gera Dias,Valeska Gonçalves e Tatiana Miranda
direção musical e trilha sonora original: Felipe Rocha
direção de arte: André Weller
figurinos: Valéria Martins
iluminação: Paulo César Medeiros
direção de produção: Márcia Dias
produção executiva: Letícia Jacques
vídeos: Dani Lima, André Weller, Bruno Murtinho e TV Zero
assistência de direção: Mônica Prinzac

“No primeiro momento a identidade é tratada como construção, mostrando de forma delicada, poética e divertida como o olhar do outro se integra às impressões individuais e deixa marcas. (…) Na contramão deste primeiro momento, a tecnologia vira o centro das atenções na segunda parte do espetáculo. Aqui, a interatividade, símbolo das possibilidades abertas pelas novas tecnologias, é explorada na relação entre os dois bailarinos e entre bailarinos e espectadores, entre música e dança”.
Silvia Soter

A companhia Dani Lima usa a dificuldade do brasileiro e conseguir tecnologia de ponta para discutir a identidade nacional. (…) Bailarinos improvisam a partir dos erros desta tecnologia made in Saara.”
Daniela Name